quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

DayByDay (#3) - Passagem de ano


      Passo um ano inteiro queixando-me que o mesmo se move a passo de caracol. Em Janeiro, Fevereiro, Março já pareço esgotado com a faculdade e só peço férias. Em Abril, Maio e Junho penso que as aulas estão a acabar e faço os últimos esforços. Em Julho é o meu aniversário e tem sido período de recursos (espero em 2015 não ter esta infelicidade). Agosto e Setembro são os meses em que mais aliviado estou e sinto que mais de metade do ano se encontra passado. Chega Outubro, passa Novembro e aqui estou agora no último dia de Dezembro a aferir sobre a passagem de ano. 

     Há uma coisa que muito me surpreende no dia 31 de dezembro de qualquer ano:  o facto de que neste dia, só mesmo neste dia, sinto que o ano afinal passara a correr. Neste dia acorre-me a nostalgia e é uma nostalgia que não surge no arrependimento do que fiz nos 12 meses, mas pelo que não fiz porque "valores mais altos se levantaram". Penso não ser o único a ter estes pensamentos quase inevitáveis. O dia 31 de dezembro é talvez o mais curto do ano. Almoçamos a ver fogo de artifício na televisão, vindos da Austrália e Nova Zelândia. Contemplamos cada bomba lançada e maravilhamo-nos com a beleza da sua cor. Nessas imagens vê-se coragem, vê-se paz, vê-se esperança... sentimo-nos capazes de efetivamente mudar algo; algo que aparentemente não nos pareça completo, que nos pareça passível a ser mudado. Ao ouvirmos cada bomba que pinta o céu de um tom diferente, ocorre-nos o pensamento de querermos pintar também o nosso ano de maneira diferente. Medito sobre o que não correu bem, o que correu melhor, o que não chegou a correr e olho para as minhas mãos. Mãos! 

    Não vejo nas minhas mãos um futuro, não vejo nas minhas mãos um passado, vejo tão somente passas. Nelas deveria ver alimento, mas vejo desejos... diante a família e diante cada tiro que aclara a escuridão alimento-me de passas. Alimento-me de desejos, de sonhos que quero concretizar... penso neles, fecho os olhos e peço que se realizem. Sou um rapaz de sorte por ter a oportunidade de os pedir desta forma. Abro os olhos e mesmo que não os veja, sinto que brilham... o brilho da ânsia, da esperança e de um ano melhor.

   2014 foi um ano deveras positivo. Completei o meu primeiro ano de faculdade, decidi que era o ano para mudar o meu sorriso, decidi que estava na altura de avançar na minha vida, conheci pessoas muito distintas, conheci alguém ainda mais distinto, voltou a esperança, completei o ano como caloiro, tive vivências académicas muito fortes e simbólicas, tive uma família com saúde e poderosas amizades. Sinto que foi suficiente para não estar triste com o meu ano. Umas mais intensas do que outras, umas mais importantes, outras mais inesquecíveis... umas que não foram vividas na totalidade mas que o podem ser futuramente. Há ainda muito que não foi vivido por falta de tempo. Essas coisas penso mudar em 2015. 


   A vocês, que penso ainda não existir, desejo um feliz 2015 repleto de boas emoções e de concretização de sonhos. Um ano em que haja paz e coragem. Lembrem-se sempre que, enquanto tiverem desejos serão imortais. 
Citei Pitágoras. 


 

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