Título: O Perfume (História de um assassino)
Autor: Patrick Suskind
Editora: Editorial Presença
Páginas: 263
✪✪✰✰✰ (2 estrelas)
Sinopse:
Esta estranha história passa-se no século XVIII e é fruto de um extraordinário trabalho de reconstituição histórica que consegue captar plenamente os ambientes da época tal como as mentalidades. O protagonista é um artesão especializado no ofício de perfumista, e essa arte constitui para ele - nascido no meio dos nauseabundos odores de um mercado de rua - uma alquímica busca do Absoluto. O perfume supremo será para ele uma forma de alcançar o Belo e, nessa demanda nada o detém, nem mesmo os crimes mais hediondos, que fazem dele um ser monstruoso aos nossos olhos. Jean-Baptiste Grenouille possui no entanto uma incorrupta pureza que exerce um forte fascínio sobre o leitor. O Perfume, publicado em 1985, de um autor então quase desconhecido, foi considerado um dos mais importantes romances da década e nunca mais deixou de ser reeditado desde então, totalizando os 4 milhões de exemplares vendi dos, só na Alemanha, e 15 milhões em países estrangeiros. Foi traduzido em 42 línguas. Este fenómeno transformou-o num dos mais importantes livros de culto de sempre. Em 2006, O Perfume passa a ser uma longa-metragem inspirada no romance de Patrick Süskind. (Fonte)
Opinião:
Este é um livro muito bem escrito com uma temática bastante visceral mas também com forte carga humana. A dicotomia amor/ódio é bastante abordada.
À partida, o livro está no plano de leitura para alunos do 7º, 8º e 9º anos, porém não me parece uma idade adequada para ler este livro. O que parece ser uma mera história sobre um criminoso que mata jovens lindas para obter um perfume, pode efetivamente não a ser. Para mim, que tanto tenho aquele gosto por "complicar o que é fácil", este livro não me pareceu muito direto sendo que proporciona uma vivência e uma interpretação muito pessoal. É aquele tipo de livro com que nem todos os dias nos identificamos.
Abordando questões como: é possível a perfeição? O belo? O que é a perfeição? De que modo ela seria entendida?, Patrick Suskind impressiona com a criação do elemento "Perfume" de modo a sustentar o seu ponto de vista. De uma forte carga dramática, de um discurso vasto e de descrições sublimes, "O Perfume" estimula as sensações olfativas com base naquilo que é lido - uma verdadeira montanha de cheiros.
O livro chega a revelar-se tão inteligente que nos dá a capacidade de imaginar qual será o cheiro perfeito. Como imaginaram vocês o perfume que Grenouille criou e roubou às suas vítimas?
A perfeição e o belo trazem o amor? Será o amor a melhor maneira de demonstração de ódio? De que forma é que ideias tão paradoxais podem estar tão associadas?
Aproveito esta passagem do livro para responder às várias perguntas que fui lançando, porém não totalmente.
"Jean-Baptiste Grenouille, nascido sem odor no lugar mais fedorento do mundo, saído do lixo, da lama e da podridão, ele que cresce sem amor e vivera sem o calor de uma alma humana, meramente impulsionado pela revolta e pelo nojo, pequeno, corcunda, coxo feio, mantido à distância, abominável tanto por dentro como por fora - ele havia conseguido tornar-se simpático aos olhos do mundo. O que era isso de "tornar-se simpático"?
Ele era amado! Venerado! Adorado! A centelha divina que os outros homens recebem logo no berço e da qual só ele fora desprovido, conquistara-a mediante uma imensa luta efectuada com extraordinária subtileza. E mais! Fizera-a brotar no seu próprio íntimo. Era maior ainda do que Prometeu. Criara para si próprio uma aura mais radiosa e eficaz do que alguém possuíra antes dele. E não a devia a ninguém, a um pai, a uma mãe e menos ainda a uma divindade benfeitora; devia-a apenas a próprio."
Dou 2 estrelas pela ideia e por me ter deixado a pensar no assunto e pelo fantástico final. As restantes 3 são pela falta de identificação que senti com este livro que chegou a ser maçudo e cansativo de ler.
Acredito que muitas pessoas consigam ter uma vivência muito forte ao ler este livro ao contrário de mim. Por isso recomendo vivamente este clássico a quem eventualmente estiver a ler esta review e ainda não tiver lido este livro.
Em relação ao filme... achei-o muito desinteressante! Mas isso é outra conversa.
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