quarta-feira, 9 de agosto de 2017

DayByDay (#15) - Vanguardista

Ser vanguardista é estar à procura ou simplesmente estar à frente do seu tempo, não simplesmente nas ideias, como também nas ações e experiências; Viver constantemente insatisfeito pelo contacto com o banal, procurando devorar a informação circundante e com ela se reconstruir diariamente a um nível culturalmente elevado... 

Não o sou, mas sou um enorme admirador de quem o é! 
Limito-me à procura, num mundo onde o limite é limitar-me. 

Esta introdução limita-se a explorar um conceito que desde sempre aprecio, não pela profundidade do mesmo, não somente pela sua expressividade e representatividade, mas sobretudo pelo seu carácter de futuro no presente. É uma pena que nos percamos, estanques, estagnados no tempo, sem projeções, sem perspetivas e sem horizontes, num mundo que nos oferece tanto para desfrutar. E isto escrevo-o sentado junto à minha mesa de estudo de onde hoje não saí, porque tenho um projeto final de licenciatura para terminar. Um projeto que me dará mais uma ou duas notas para juntar a uma média. 

Meses a fio nisto e a vontade, mesmo com o tempo a terminar, parece sobretudo decair. Uma vontade que cai sem eu pedir... uma estranha força externa que me puxa para trás... que me afasta do pensamento científico e que me afasta a este MEU projecto. Talvez eu não o sinta meu... talvez eu sinta que este projeto não tem importância... talvez eu sinta que não fui livre de sonhar... talvez sinta que me limitam. 

Conheço uma pessoa que fez um trabalho sobre a influência das radiações solares na pele, chegando à conclusão, absolutamente petrificante, que as radiações aumentam o risco de melanoma. Damn it! Realmente surpreendente... quatro anos de licenciatura para um projeto final de curso com uma conclusão tão "fucking obvious". Olho para essa pessoa e verifico que está já a trabalhar... a construir o seu futuro, enquanto que eu, decidido a fazer algo que fizesse jus aos quatro anos de licenciatura, continuo a ser puxado num movimento anti-projecto. Esta questão paradoxal faz-me pensar em muita coisa... faz-me pensar que talvez eu não seja prudente a delinear os meus horizontes ... talvez eu não saiba o que realmente quero para mim... ou que talvez a realidade da vida não puxa por mim! 

Tudo começou num sorteio online, pior que qualquer bilheteira para um concerto de um super-ídolo mundialmente aclamado, onde, pelo LIMITE de velocidade da minha internet, me VI LIMITADO nas opções dos turnos nos quais tinha vaga para ficar. Eram dois...cliquei naquele cujo tema, embora terrível, me parecia mais próximo dos meus objetivos deste ano. Vi nesse momento o LIMITE que me haviam colocado... Eu que tinha já algumas ideias correctamente delineadas sobre o MEU projeto final de licenciatura. Agora tenho de trabalhar com a farmacogenómica... Tive uma aula de 1 hora em que fizemos rodinhas num papel e discutimos o que era um polimorfismo. WOW! Arrepiante! 

Aqui estou... lamentando... no LIMITE das forças que tenho! A reserva está a ser constantemente recarregada ... porém a um ritmo rapidamente cedido por mim, a este projecto. Deverias ser o MEU projeto... e eu não me identifico contigo. Tenho arranjado forças à minha própria maneira e tenho tido alguns resultados... minimamente satisfatórios.  Mas agora... eu só queria chegar ao LIMITE deste projeto. Queria pensar para além dele... mas foi justamente esta apreciação pelo pensar à frente e exigir de mim algo que eu saberia que me havia de pôr à prova que me está a colocar neste LIMBO. Serei tóxico para mim mesmo, conjuntamente aos LIMITES a mim incutidos? 

Talvez eu seja... 
Limito-me à procura, num mundo onde o limite é limitar-me. 

Poderei ser um eterno insatisfeito...
Mas num mundo onde o limite é LIMITAR-ME por querer ir além... 
Limito-me à procura!




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