No passado "DayByDay" falava eu da espontaneidade das crianças. Decidi seguir com um pensamento na linha das crianças e daquilo que nos é dito desde cedo e que não sabemos aplicar à vida por ser tão precocemente - os provérbios.
Um dos primeiros provérbios que me passaram pelos ouvidos foi o : "águas passadas não movem moinhos". Ouvi-o quando recebera pela primeira vez um Satisfaz pouco no quarto ano e me desiludira de tal forma que chorava compulsivamente. Sempre me comovi com facilidade... mas principalmente me comovo nos momentos em que falho com aquilo que considero ser a minha missão. Na situação supracitada, seria da minha responsabilidade trazer um Bom, um Muito Bom ou até um Satisfaz Plenamente consoante o docente gostasse de escrever, mas eu apenas trazia um Satisfaz Pouco... algo que não correspondia às minhas expectativas nem àquelas que me eram criadas por ser um aluno na altura brilhante mas trapalhão.
Lembro-me agora, mais de 10 anos depois, de falar dele...! Ao longo do tempo me apercebi que o sentido seria semelhante ao "o mal já está feito, já passou e só nos resta avançar". Hoje debruço-me novamente nele. As águas passadas podem realmente não mover moinhos mas os moinhos trespassados pelas águas graças a elas estão em atividade. O mesmo acontece connosco. Somos feitos do nosso passado por mais brilhante ou sombrio que o mesmo tenha sido.
Falar de águas passadas não desmerece o sentido de passado aplicado à vida. As águas passam mas continuam a correr. O moinho é o mundo. Ele continua a moer. Pode moer a nossa vida. Perdemos um pouco de vida em cada trajeto que cumpramos. "O mundo é um moinho, vai triturar os teus sonhos, tão mesquinho; Vai reduzir as ilusões a pó".
Ora, se as águas passadas não fazem moer o moinho e sendo que o moinho é o mundo, se calhar é o passado que nos traz mais virtude. Se pensarmos nas futuras águas que irão fazer girá-lo, elas vão favorecer a trituração dos sonhos, o desaparecimento das ilusões e ao aproximar do abismo - e estes pensamentos, só o temos quando nos sentimos moídos pelo avanço do tempo.
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