Há uma linha que separa aquilo que és enquanto não traças a verdadeira linha de partida e aquilo em que te tornas depois de realmente partires.
Acho-me um rapaz com sorte. Apesar das adversidades às quais fui submetido enquanto criança e adolescente, consegui ou conseguiram arranjar por mim forma de as superar. A sorte deriva exatamente da coragem com que encaramos os nossos problemas.
Enquanto negativistas podemos achar-nos uns meros azarados - quantas vezes não passo por isso - algo como tropeçar em cada barreira na corrida dos 110 metros. Opostamente à ideia anterior surge a reação positiva, à maneira positiva com que se consegue viver e agir perante a barreira que nos aparece - e é real que nem sempre temos o espírito para isso. Enquanto não partirmos não encontraremos as barreiras e acharemos ter uma falsa sorte. Essa sorte não é real, é vazia, não é suficiente... essa sorte não sana a realidade do vivido e a dor de não conseguir viver o que o há para o ser. Somos neutros, somos inertes, somos suficientes para nós mesmos mas não satisfatórios. Deveremos viver pela suficiência?
O raciocínio que trago hoje, trago-o porque o tenho desenvolvido ao longo dos anos e achei porventura interessante abordá-lo num DayByDay em que nenhum outro tema se mostrou tão relevante quanto este.
Já fui mais tímido do que hoje sou mas sempre fui muito inseguro. Esta insegurança derivou das dificuldades que tive em ser suficiente para mim mesmo. Já nem falo em satisfatório porque isso não me é possível... falo em suficiente. Sempre me achei uma pessoa de sorte, pois apesar de tudo sempre superei obstáculos incutidos pelo avanço do tempo mas nunca me achei suficiente.
Já tive força para iniciar corridas, corridas que imaginei sem barreiras, e a verdade é que descobri que não são essas nas quais devemos investir. Só o descobri por não ter sido "satisfatório" durante o seu percurso e como tal acabei por não traçar a meta. Poderia optar por um tiro ao arco e tentar ser preciso no local onde atingir... mas tremo bastante.
Já me senti inerte derivado às duas vezes em que não tracei as metas. Já me senti negativista por essas duas caminhadas não serem de 110 metros barreiras mas de 100 metros livres... e o conceito de livre sempre me foi tentador. Um mar de rosas, sem espinhos... água límpida e o seu crescimento.
Só falta falar das vezes em que me senti positivista. Nessas.. hum... sempre houve uma porta fechada no estádio onde a pista de atletismo se encontrava.
Três!! Foi preciso chegar um dia três... uma pista três.... um percurso três... um percurso tentador. Tentador na medida em que testa o meu positivismo, o meu negativismo e a minha inércia. Uma pista de 110 metros repleta de barreiras onde não consigo espreitar a sua meta, mas realmente tenho vontade de a atingir.
Vivo no positivismo de pelo menos o estádio me ter aberto as portas. A linha está mesmo à frente dos meus olhos... "pum" ! (O tiro da partida) - penso!
Corro, pronto a dar qualquer salto até chegar ao fim!
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