segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

DayByDay (#10) - São olhos que voam e navegam...

Declamávamos palavras escritas sorrindo de forma audível permanecendo estáticos a cada letra e a cada palavra. É certo que o que aconteceu foi um resultado positivo daquilo que une o feito e o dito. Se por um lado tratei da primeira parte, trataras tu, entusiasticamente, da segunda. Foi um dos momentos em que os meus olhos voaram, divagaram e deambularam num caminho que percepcionei para mim... um caminho em que a minha mão estava agarrada e com ela, o coração. 

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

DayByDay (#9) - Inception of Our Day

    Muitas vezes faltam-nos as palavras e esse será o caso desta pequena passagem pelo meu dia. Seria um mero dia de aulas... isto é... de uma aula das 18h às 20h na ESTSP, mas servirá também para atualizar um pouco este blog que, embora sem leitores, é um blogue que merece pelo menos o meu respeito e companhia.


   Tenho 20 anos,porém, por vezes tenho vontade de ser criança e creio não ser o único. Vivermos na maturidade que uma idade exige é importante, porém, há que viver com uma jovialidade interior e intrínseca ao nosso ser. Não temos de ficar resignados ao assistir ao avanço de mais um algarismo, ou a troca dos dois dígitos que compõem e refletem o nosso tempo vivido.,. a chamada idade.



   "Somos números! As pessoas grandes gostam é de números!" diria o principezinho um dia por ordem de Éxupery, na sua despedida da literatura e do mundo terreno.



   Juntamente com uns amigos de turma, decidi criar um desafio, ou um passatempo ou como preferirem chamar, em que o objetivo será determinar o tema para o dia. Todos os dias serão o dia de algo. O primeiro dia, foi o da heresia, o segundo, por minha sugestão foi o dia do regresso... hoje é o terceiro.... é o dia de apontar a razão ou razões pelas quais somos amigos de alguém. Foi uma sugestão da Soraia "Banessa Rainha do Universo" que terá aqui o seu nome exposto ao mundo cruamente e como merece. Darei uso a este local, que é um local meu e de quem gosto, onde falo do que e de quem gosto... para cumprir com o desafio de hoje. Irei dirigir a minha justificação para ti. Entenda-se por ti, Soraia Banessa Rainha do Universo.


terça-feira, 29 de setembro de 2015

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Opinião sobre o livro: "Hey, Professor?" de Tommy Adams


Título: Hey, Professor?
Autor: Tommy Adams
Ebook 
(2 estrelas)

  Sinopse

 Douglas, recém formado, decide rentabilizar o seu tempo e o seu conhecimento publicando em várias fontes, anúncios relativos à sua disponibilidade para execução de trabalhos de explicações. Douglas é portanto o Professor da história e uma das personagens principais. 

    Acaba por ser aceite em casa da família CasaGrande, família esta abastada que se compromete a pagar-lhe um salário exorbitante para que o mesmo desse "explicações de redação" ao filho mais novo: Caio. 

   A história gira então em torno de Caio e Douglas (aluno e explicador. O que era para ser uma "explicação de redação" acaba a ser um conto erótico e de enorme cumplicidade entre ambos. 


   O conto muda de rumo quando o irmão de Caio - Thomas - aparece em cena. Thomas, apaixonado por Douglas toma conhecimento do que se passa em sua casa. Há ainda um ex namorado do professor como personagem essencial à ação. 



Opinião


  Tommy Adams é um jovem escritor. Descobri este livro numa aplicação Smarthpone chamada: "Wattpad" a qual recomendo. Nesta aplicação vemos uma série de livros disponibilizados gratuitamente e legalmente. Escritores como "Paulo Coelho" têm nesta aplicação conta oficial. 


   Wattpad acaba então por ser um novo mundo, onde jovens e iniciadores da escrita espalhados pelo mundo, procuram um leitor das suas palavras. O conceito é por norma interessantíssimo na medida em que podemos encontrar, quiça, um novo talento até então camuflado. 

   "Hey, Professor" conquistou-me pelo assunto. Nunca tinha lido nada do género e tinha interesse em fazê-lo. Há nele, enormes falhas de seguimento, contradições e também uma escrita pouco fluida e muito inexperiente. 


   A história perde mesmo o rumo nos últimos capítulos quando Tommy Adams decide introduzir um pouco de ficção científica. Quando em contacto com o autor deste ebook, o mesmo refere que está a trabalhar numa revisão: "mais madura" do seu conto, na qual pretende retirar os defeitos do livro e talvez introduzir um discurso mais pormenorizado e uma narrativa mais experiente. 


   Fiquei com a ideia que este jovem iniciante tem criatividade nos temas, mas não sabe transpô-la na sua escrita. Dei por mim a rir-me (sem maldade) da ingenuidade de certos capítulos. 

   Resumindo: Peca o conto pela sua fugacidade. Carece de pormenor, de literatura no mesmo. 


   Classifico-o com 2 estrelas porque acabei por lê-lo até ao fim, o que significa que o interesse foi despertado em mim. 


Que Tommy Adams me surpreenda no futuro com algo mais maduro e trabalhado. 

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

DayByDay (#8) - Nightcall


   "I'm giving you a nightcall to tell you how I feel!" 

   Uns dias acordo satisfeito, outros nem tanto... uns dia adormeço bem e noutros pestanejo aguardando que chegue o momento certo para me desligar do mundo. Entre dois bons ou maus momentos está o dia e é sobre ele que me exprimo. 

   Viver é uma dádiva, e enquanto o tempo decide passar, vou gradualmente apreciando mais e valorizando este verbo. Viver é por sinal mais do que um significado "priberam".  Viver não é ser, porém "sou" vivendo.  Sou e estou a viver enquanto ser e estar é diferente. Existo porque sou,  insisto porque estou,  persisto porque vivo... 

   As luzes decidem apagar-se, o sol põe-se e traz a escuridão. Com ela surgem ideias, surgem planos e também memórias. Já fui e sou. Existi e existo. Existirei enquanto não fechar os olhos. Mais ou menos feliz, encontro-me no desfecho de um intervalo com limite positivo aberto... algo como [0; vida[ . Penso no que fiz. Alegro-me de o poder fazer. Penso no que senti, alegro-me por ter sentido. Bem ou mal... eu sinto-me e sentir é um atributo muito questionável. Estás aí? Eu estou! A tua voz está. Sorrio. Tal como eu, mais ou menos feliz ... sentes; E é bom saber-te aí.  Já não receio fechar os olhos. Tu abraças-me.  

  Amanhã é um novo dia e pensarei no que dissemos no nosso próprio intervalo.  

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

DayByDay (#7) - Devaneios


   Sempre fui de devaneios. Sempre fui de pensar no existente e no inexistente e já cambiei uma pela outra... mesmo que apenas a devanear. 

   Três! Três é perfeito e não sei até quando é devaneio. Repito-me em palavras, mas em cada uma deposito um sentido diferente. (Suspiro) Não estou certo se estou a falar do existente ou do inexistente. Falo do que vejo e do que não vejo. Falo do que sinto e o que tenho para sentir. Falo pelo querer, movido pela força de alcançar algo mais além. No ato de devanear está a sinceridade e o respeito por mim assim como pelo o que me rodeia. Devaneio sobre aquilo que acredito. Devaneio para evitar que o meu corpo grite por ele mesmo. O meu devaneio é um grito... 

  Mais do que o querer, mais do que a capacidade de o atingir... está o acreditar... e o meu corpo quer gritar: "ACREDITO" ! Eu permitirei enquanto devaneio. 





sábado, 3 de janeiro de 2015

DayByDay (#6) - Três



   Há uma linha que separa aquilo que és enquanto não traças a verdadeira linha de partida e aquilo em que te tornas depois de realmente partires. 

     Acho-me um rapaz com sorte. Apesar das adversidades às quais fui submetido enquanto criança e adolescente, consegui ou conseguiram arranjar por mim forma de as superar. A sorte deriva exatamente da coragem com que encaramos os nossos problemas. 

    Enquanto negativistas podemos achar-nos uns meros azarados - quantas vezes não passo por isso - algo como tropeçar em cada barreira na corrida dos 110 metros.  Opostamente à ideia anterior surge a reação positiva, à maneira positiva com que se consegue viver e agir perante a barreira que nos aparece - e é real que nem sempre temos o espírito para isso. Enquanto não partirmos não encontraremos as barreiras e acharemos ter uma falsa sorte. Essa sorte não é real, é vazia, não é suficiente... essa sorte não sana a realidade do vivido e a dor de não conseguir viver o que o há para o ser. Somos neutros, somos inertes, somos suficientes para nós mesmos mas não satisfatórios. Deveremos viver pela suficiência? 

    O raciocínio que trago hoje, trago-o porque o tenho desenvolvido ao longo dos anos e achei porventura interessante abordá-lo num DayByDay em que nenhum outro tema se mostrou tão relevante quanto este.

   Já fui mais tímido do que hoje sou mas sempre fui muito inseguro. Esta insegurança derivou das dificuldades que tive em ser suficiente para mim mesmo. Já nem falo em satisfatório porque isso não me é possível... falo em suficiente. Sempre me achei uma pessoa de sorte, pois apesar de tudo sempre superei obstáculos incutidos pelo avanço do tempo mas nunca me achei suficiente. 

   Já tive força para iniciar corridas, corridas que imaginei sem barreiras, e a verdade é que descobri que não são essas nas quais devemos investir. Só o descobri por não ter sido "satisfatório" durante o seu percurso e como tal acabei por não traçar a meta. Poderia optar por um tiro ao arco e tentar ser preciso no local onde atingir... mas tremo bastante. 

   Já me senti inerte derivado às duas vezes em que não tracei as metas. Já me senti negativista por essas duas caminhadas não serem de 110 metros barreiras mas de 100 metros livres... e o conceito de livre sempre me foi tentador. Um mar de rosas, sem espinhos... água límpida e o seu crescimento. 

   Só falta falar das vezes em que me senti positivista. Nessas.. hum... sempre houve uma porta fechada no estádio onde a pista de atletismo se encontrava. 

    Três!! Foi preciso chegar um dia três... uma pista três.... um percurso três... um percurso tentador. Tentador na medida em que testa o meu positivismo, o meu negativismo e a minha inércia. Uma pista de 110 metros repleta de barreiras onde não consigo espreitar a sua meta, mas realmente tenho vontade de a atingir. 

   Vivo no positivismo de pelo menos o estádio me ter aberto as portas. A linha está mesmo à frente dos meus olhos... "pum" ! (O tiro da partida) - penso! 

Corro, pronto a dar qualquer salto até chegar ao fim! 


sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

DayByDay (#5) - Águas passadas não movem moinhos...


   No passado "DayByDay" falava eu da espontaneidade das crianças. Decidi seguir com um pensamento na linha das crianças e daquilo que nos é dito desde cedo e que não sabemos aplicar à vida por ser tão precocemente - os provérbios. 

   Um dos primeiros provérbios que me passaram pelos ouvidos foi o : "águas passadas não movem moinhos". Ouvi-o quando recebera pela primeira vez um Satisfaz pouco no quarto ano e me desiludira de tal forma que chorava compulsivamente. Sempre me comovi com facilidade... mas principalmente me comovo nos momentos em que falho com aquilo que considero ser a minha missão. Na situação supracitada, seria da minha responsabilidade trazer um Bom, um Muito Bom ou até um Satisfaz Plenamente consoante o docente gostasse de escrever, mas eu apenas trazia um Satisfaz Pouco... algo que não correspondia às minhas expectativas nem àquelas que me eram criadas por ser um aluno na altura brilhante mas trapalhão. 

    Lembro-me agora, mais de 10 anos depois, de falar dele...! Ao longo do tempo me apercebi que o sentido seria semelhante ao "o mal já está feito, já passou e só nos resta avançar". Hoje debruço-me novamente nele. As águas passadas podem realmente não mover moinhos mas os moinhos trespassados pelas águas graças a elas estão em atividade. O mesmo acontece connosco. Somos feitos do nosso passado por mais brilhante ou sombrio que o mesmo tenha sido. 

   Falar de águas passadas não desmerece o sentido de passado aplicado à vida. As águas passam mas continuam a correr. O moinho é o mundo. Ele continua a moer. Pode moer a nossa vida. Perdemos um pouco de vida em cada trajeto que cumpramos. "O mundo é um moinho, vai triturar os teus sonhos, tão mesquinho; Vai reduzir as ilusões a pó". 

   Ora, se as águas passadas não fazem moer o moinho e sendo que o moinho é o mundo, se calhar é o passado que nos traz mais virtude. Se pensarmos nas futuras águas que irão fazer girá-lo, elas vão favorecer a trituração dos sonhos, o desaparecimento das ilusões e ao aproximar do abismo - e estes pensamentos, só o temos quando nos sentimos moídos pelo avanço do tempo. 


quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Opinião sobre o livro: "O Terceiro Travesseiro" de Nelson Luiz de Carvalho


Título: O terceiro travesseiro 
Autor: Nelson Luiz de Carvalho 
Ebook 
Páginas: 210
✰ (4 estrelas)

Sinopse: 

   Baseado numa história real, este romance desafia rótulos e hipocrisias, revelando os meandros de consciência de Marcus, um jovem comum da classe média paulistana. Com o melhor amigo Renato, descobre o amor e compreende que os dois precisarão de encontrar o equilíbrio entre o que sentem e o que a família e a sociedade esperam deles, até que uma terceira personagem aparece.


Opinião:

  "O Terceiro Travesseiro" viria a ser o primeiro ebook que alguma vez lera. Nelson Luiz de Carvalho estreia-se no mundo da literatura com um assunto bastante arrojado: um triângulo amoroso GLS.  

   É importante referir que este livro me foi sugerido por uma amiga minha já há uns anos atrás. Referiu-me que o mesmo se tratava de uma estreia de um escritor brasileiro, estava escrito em português do Brasil e que o assunto era o que acima citei. Fez questão ainda de salientar que no livro é narrada uma história baseada em relatos reais de um rapaz incompreendido pela sociedade. Considerei que tinha aqui um bom livro para me fazer companhia durante uns dias - acabaram por ser realmente poucos.  

   Se por um lado não gostei totalmente da forma como o livro está escrito, o que para muitos é o principal na classificação do mesmo, acabei por me envolver demasiado na ação do mesmo. O livro conseguiu agarrar-me de uma forma avassaladora.  Marcus e Renato são as personagens principais - dois amigos, colegas de turma, jogadores da mesma equipa de futebol acabam por descobrir a sua sexualidade um com o outro. As duas personagens decidem seguir aquilo que realmente os prende um ao outro: aquilo que sentem. Sem pretender ser spoiler, no livro é então descrita toda a história, algumas fantasias sexuais entre ambos, a maneira como ambos se entregam ao seu amor e a forma como se anunciam nas suas famílias. A luta pela aceitação. 
  
   A chegada de uma terceira personagem, uma bonita rapariga que lhes atrai a ambos, faz-lhes descobrir a sua bissexualidade. É esta terceira personagem que irá completar o triângulo amoroso. 

   De uma natureza que nos parece utópica, os três personagens encontram forma de se unirem. É neste ponto que me envolvo demasiado. Por me ser diferente, achei realmente estranho e ao saber que se tratam de factos reais fiquei abismado. O facto de ser real dá um enorme significado ao livro. Quem lê, quer mais ainda... quer saber o destino dos três... de que forma eles conseguem associar a sua bissexualidade, como conseguem constituir um laço de amor a três. E se por um lado este livro é uma fonte inesgotável de informação é ainda capaz de nos pôr a chorar compulsivamente. 

   Nelson soube tratar de um tema sensível de uma forma sublime, ainda que não num estilo de escrita de sonho. Deixou-me curiosidade para ler mais livros dele, o que acabou por acontecer. 


DayByDay (#4) - A espontaneidade das crianças

   Sou, deixarei de ser, lembrar-me-ei de ter sido...

   Ano Novo é sinal de convívio com a família. Não faltam o vinho, os doces, o leitão e outros pratos deliciosos neste almoço e jantar de dia 1 de janeiro - seja de que ano for. Ao contrário do Natal, em que à mesa apenas se encontrava uma bebé a alimentar-se, nesta passagem de ano subiu para dois o número de crianças assim como as suas idades. De 5 e 9 anos respetivamente, os meus primos foram a minha principal companhia no dia de hoje. 
    
   Acho interessante a capacidade e a força que as crianças têm quando efetivamente desejam alguma coisa. Elas fazem-me imenso questionar sobre a maneira como eu próprio ajo. Se por um lado as crianças são até capazes de fazer aquela birrinha desagradável para obterem algo que procuram, os adultos tantas vezes de acomodam e se remedeiam com o pesar de não terem coragem ou força para lutar. Surge-me então a questão... será mesmo a falta de força? Será tão somente a falta de coragem que nos prende em tantas decisões que tomamos? - coloco uma tentativa de resposta em forma de pergunta - Será que não temos somente a real vontade de lutar pelos nossos objetivos? - descubro nesta pergunta a resposta às questões anteriores. Tomara que estivesse a inferir ideias demagógicas e incógnitas para todos os outros que não eu, mas julgo que não esteja a acontecer. Todavia, não é propriamente sobre isto o que penso abordar neste DayByDay que tem sido um aglomerado de reflexões. 

   Já fui criança, tenho lembranças de ser criança, porém penso não ter deixado totalmente de o ser. Ficou o espírito. Apercebi-me hoje deste facto. Impressionante como ao contrário do que era habitual há 2 ou 3 anos atrás, hoje me interessei mais em passar a tarde com estes primos de 5 e 9 anos, nas suas brincadeiras do que quando eu mesmo me sentia criança. Julgo não ter vivido com esta intensidade a minha infância. Derivado de inseguranças? Sim, subscrevo mas avanço no assunto.

   Considero realmente mágico como em tão minuciosas ações ou coisas as crianças conseguem prender-se e lutar por melhorá-las. Impressiona-me ao ponto a que conseguem ser persistentes e insistentes. 

   Hoje, ao chegar a casa do meu tio cumprimentei os presentes. Apercebo-me que de bom grado me retribuiram o gesto, saudaram-me e disseram que o almoço estava em fase de preparação. No meio de todos os que cumprimentei, vi, vi com olhos de ver, um impacto bastante diferente causado pela minha chegada a um dos membros da família - ao meu primo de 9 anos. Senti que realmente sorria de contentamento pela minha chegada... talvez porque se dá bem comigo, talvez porque se sente sozinho no meio de todos os adultos com idades bem mais desfasadas da sua. Reconheci na forma como reagiu à minha saudação, ao ímpeto da sua corrida para me cumprimentar antes de todos os outros e talvez com isso obter atenção. Poderia ter sido algo banal ou até um ato que tantos acharão por norma um "habitué" de criança, mas este êxtase tocou-me profundamente. Decidi então passar uma tarde com as crianças e perceber como me sairia tendo em conta a minha impaciência, o meu stress e outros adjetivos sinónimos destes dois. Sou por norma explosivo quando me irritam! 

   Comecei por me sentar no meio dos dois rapazes. Nos meus tempos de criança, em almoços de família, também me sentava ou fazia por me sentar ao lado de primos com idades próximas da minha mas que não fossem crianças - o seu espírito mais jovial, a maneira como se pareciam adaptar e falar comigo era o suficiente para me sentir bem e confortável à mesa. Julgo que o mesmo terá acontecido, hoje, com os meus primos quando tomei a iniciativa de me sentar entre os dois. É neste ponto que começa a aventura de uma tarde de grande paciência mas de grandes aprendizagens. 

   Sugeri aos meus primos que fizessemos uma corrida Ultrasónica para ver quem comia o que tinha no prato em primeiro lugar... as crianças de hoje em dia são uns verdadeiros piriquitos sendo que ficam cheios com 2 ou 3 grãos de arroz - há que motiva-las a alimentarem-se mais e melhor. A azáfama instalou-se e os dois começaram a comer rápido para não perderem a competição. O sentimento de eventualmente poderem de alguma maneira ganhar a alguém mais velho do que eles em alguma coisa é suficiente para os motivar - neste caso a comer. O de 5 anos, incomodado pela a sua alimentação com os talheres estar a ser desvantajosa e de lhe dar uma eficácia no jogo bastante insuficiente para vencer aos seus adversários, despede-se dos talheres e avança com toda a coragem e convicção a comer com as mãos. As batatas assadas pareciam puré quando chegavam à sua boca. Fiquei a gargalhar por dentro enquanto os seus pais o chamavam à atenção. Nisso ele responde: mas eu só quero ganhar a "cuída supésónica" ao André (apontou e fez questão de me agarrar com vigor no braço enchendo-o com a maior quantidade de gordura que se possa imaginar) -foi o suficiente para deixar de gargalhar por dentro. Deu-me uma certa vontade de o esganar que logo me passou quando a minha mãe disse que conseguia tirar as nódoas muito facilmente. (Só eu sei quanto estes momentos são péssimos para a minha dermatite) (Risos). 

   Apercebo-me que já estou a escrever demasiado! Finda a competição, na qual esperei para perder e fingi uma enorme tristeza para especificamente o primo de 5 anos ficar muito contente com o seu desempenho, fui com ambos jogar playstation. Jogamos um daqueles jogos de desportos em que temos os comandos de movimento. Ri-me imenso a jogar ténis de mesa e jogar bócia. Achei bastante divertido e deu para aquecer um pouco do gelo que se fez sentir neste dia. Ganhei todos os jogos e o meu primo ficou algo triste, mas tudo lhe passou! O primo de 5 anos contentou-se com a observação do jogo. Posteriormente fui convidado a ver o Gru - O maldisposto - filme que já havia visto no cinema e realmente quis vê-lo. Todos o vimos até que o meu primo de 9 anos tem a fantástica e estrondosa ideia de abrir, em pleno quarto uma Barbearia com serviço de manicure e clínica médica - mas que capacidade criativa que este primo tem. Claro que a vítima fui eu... entre pernas partidas, pescoço torcido, tudo tinha tratamento na clínica. Na barbearia, tive de fazer supostamente um "serviço de beleza" seguido de "manicure" ... Fico até assustado com a forma como o meu primo me vê. Diverti-me imenso. Foi uma maneira engraçada de passar o tempo num lugar onde a Vodafone se mostra sempre com serviço SOS. Uma verdadeira tristeza. 

   Ao jantar, os meus primos riam-se... o de 5 anos já estava cansado e com cara de quem queria dormir. Já não sugeri a corrida supersónica com medo de que se estragasse outra peça de roupa ou que se piorasse o estado da atual. Penso que fui mesmo eu que acabei por comer menos. 
   Um dia com as crianças fez-me viver como elas recordando as minhas vivências - ainda que bastante diferentes quando era eu no lugar delas, à procura de companhia para desenvolver as minhas ideias. Seguindo o pensamento de Oscar Wilde: 

"A melhor maneira de tornar as crianças boas, é torná-las felizes."



Penso ter cumprido o pensamento supracitado tendo com ele aprendido. As crianças são bem mais do que aquilo que pensamos. Há que lhes elogiar para que sintam força e vontade de continuarem a criar novas ideias para que desta forma, quando chegarem a adultos, sintam fervorosamente a mesma vontade de agir.